Altas horas da noite, o homem se esquece do tempo lendo e relendo seus alfarrábios Sob a luz da lamparina, nada o amofina é prazeroso o seu quinhão Na cama mal arrrumada, dorme quase desmaiada a esposa do sonhador Lutadora incansável, seu trabalho é constante: cozinha, costura, lava e passa, prá ganhar alguns trocados garantido assim o pão das crianças Leva uma vida danada a pobre coitada, não tem tempo prá nada, a não ser ganhar o pão Os credores vivem na sua porta cobrando e ameaçando até a casa tomar O sonhador nem se importa, vive na escrivaninha engenhando suas histórias, sonhando em ser um famoso escritor Enquanto isso, Maria se vira como pode prá manter a casa e ter, no minímo, o pão de cada dia Perdido nas linhas dos seus poemas o sonhador esquece de viver a sua própria história de amor Amigo dos versos, frequentador de buteco o sonhador a vida assim gastou Maria bem que brigou, gritou, xingou, mas nada adiantou O sonhador arrumava sempre u
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