Era Uma Vez
Eu vou partir... e a culpa é da solidão das estrelas e a culpa é dos soluços da lua e a culpa é do perfume das flores e a culpa é da preguiça solar e a culpa é dos carinhos do vento nos meus cabelos Eu vou partir... prá não chorar prá não ter que explicar prá não ter que admitir que não tentando encontrar encontrei prá não ter que pertencer prá desistir de ser prá desistir de ter prá não me arrepender Eu vou partir... não vou me deixar levar pelo canto do anoitecer nem pelos suspiros das tardes orvalhadas nem pelo jeito doce do dia quando vai amanhecer Eu vou partir... não tente me impedir não venha discutir as razões não vou escutar o que tem a dizer não vou parar prá pensar não vou querer nem saber Eu vou partir... e meu ir não admite vir é despojado de bagagens, lembranças ou recordações vale apenas pelo tempo que se esgotou por tudo que se aproveitou cada sincero sentir Eu vou partir... e já é muito dizer! Maria de Fátima Méres